Forró tradicional anima a décima noite do Artes de Março
israel Soares, do JN
Uma filosofia de vida. É assim que o Poeta Cantador, como é conhecido Flávio Leandro, vê o forró tradicionalmente nordestino. E foi esse ritmo que contagiou o numeroso público que prestigiou a décima noite do Artes de Março 2016. O cantor e compositor pernambucano buscou inspiração em grandes nomes como Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Jackson do Pandeiro para consolidar sua carreira em nove CD’S, um EP e três DVDs gravados.
O músico é autor de sucessos como “Fuxico” e “Oferendar” gravados por Elba Ramalho, “Brasilidade” uma das canções mais lembradas quando se fala em forró tradicional do Nordeste, e “De Mala E Cuia” gravada por Flávio José. “De Mala E Cuia” foi a música mais executada do Nordeste e a 6ª do Brasil no ano de 2003. Cantada no Artes de Março, a canção cheia de nordestinidade em sua letra, empolgou os fãs que cantaram junto com o artista.
Flávio Leandro também cedeu o dom de compor o Nordeste em sua essência a outras personalidades da música brasileira, entre eles: Jorge de Altinho, Santanna, Waldonys, Limão com Mel, Cheiro de Menina, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Geraldinho Lins, Clã Brasil, Nádia Maia, Joquinha Gonzaga, Trio Virgulino e outros.
“O Artes de Março Pelos Sertões tem muito a ver com a canção que eu defendo, canto no meu dia a dia. Cantar o sertão é defender uma filosofia de vida. Eu faço parte desse contexto, eu moro no interior do interior, eu moro no mato propriamente dito, eu tô lá dentro. Dentro dessa temática de sertões a gente optou por cantar forró, pela genética e por uma distância geográfica muito próxima de Exu, que é a terra de Luiz Gonzaga. Dar continuidade a tudo isso, é exatamente fortalecer, sem Aparthaid, a música que realmente é a verdadeira identidade do Nordeste”, afirmou Flávio Leandro.
O Poeta Cantador também falou sobre a importância do forró tradicional. “Defendo o forró tradicional nordestino porque me preocupo com a cadeia produtiva que está sem seu entorno, incluindo o artesanato, a cultura, a costura, a culinária. Toda essa cadeia produtiva do entorno do forró deve ser preservada junto com a música. Eu tenho uma satisfação enorme na minha caminhada porque eu pude ver os meus ídolos cantando minha canção, isso é fantástico”, explicou.
Quem acompanhou o show de Flávio Leandro levou as melhores impressões sobre a arte do Poeta Cantador. O também músico, Leonardo Carvalho, vocalista da banda de forró Xenhenhem, elogiou o artista e a iniciativa do evento. “Tudo que traz a tona a nossa arte, a nossa cultura, a nossa raiz, que é a nossa identidade, é emocionante. O meu sentimento é esse, eu fico me vendo a cada instante, a cada canção, no cenário, que está muito bem elaborado, os artistas escolhidos, realmente merece ser prestigiado e aplaudido e que essa iniciativa permaneça, valorizando, acima de tudo, a nós mesmos. Pra mim, a separação geográfica é apenas institucional, eu visualizo nós como um só organismo, e aqui no Piauí eu faço música que eu gosto, eu faço a música que eu percebo que a galera gosta, eu procuro retratar aquilo que as pessoas que convivem comigo tão vivendo”, acrescentou o artista local.